Mais uma de Roger Lewin...
Aqui nós iremos discutir sobre o impacto do tamanho – tanto do cérebro como do corpo – nas variáveis da história de vida e da ecologia comportamental. O reino animal como um todo emergiu com um vasto espectro de estratégias, variando de espécies (ostras, por exemplo) que produzem milhões de filhotes em sua vida aos quais não é oferecido nenhum cuidado parental, até as espécies (como os elefantes) que produzem apenas um punhado de filhotes ao longo da vida, cada um gerado sozinho e que se torna objeto de intenso cuidado parental.
Primatas como grandes mamíferos
Os mamíferos são limitados na variação dos padrões de história de vida acessíveis a eles: as mães mamíferas são limitas no número de filhotes que podem ser criados com sucesso em função da gestação e amamentação. Contudo, o resultado reprodutivo potencial pode ser relativamente alto se mais de um ninhada for gerada por ano e o tempo de vida durar vários anos.
Harvey e seus colegas concluíram que as diferenças entre as espécies evoluíram como adaptação para explorar diferentes nichos ecológicos. Tal fato está relacionado a um certo tamanho ótimo de corpo, determinado em parte pela habilidade de um animal de coletar e processar os suprimentos alimentares disponíveis.
O sucesso de uma espécie é medido em termos de valor de potencial reprodutivo, o qual é determinado por uma série de fatores da história de vida interrelacionados: maturação, duração da gestação, tamanho da ninhada, duração do período de lactação, intervalo entre os nascimentos e período total de vida.
| SELEÇÃO-r (pequenos primatas: lêmures e camundongos) | SELEÇÃO-K (grandes primatas: gorilas) |
CLIMA | Variável e/ou imprevisível | Bastante constante e/ou previsível; menos incerto |
MORTALIDADE | Frequentemente catastrófica. Não direcionada, independe da densidade | Mais direcionada depende da densidade |
SOBREVIVÊNCIA | Alta mortalidade juvenil | Mortalidade mais constante |
TAMANHO POPULACIONAL | Variável ao longo do tempo, sem equilíbrio; em geral bem abaixo da capacidade de suporte do ambiente; comunidades ou porções delas, não saturadas; vácuos ecológicos; recolonização a cada ano | Bastante constante ao longo do tempo, em equilíbrio, ou próximo à capacidade de suporte do ambiente; comunidades saturadas; nenhuma recolonização necessária |
COMPETIÇÃO INTRA E INTER-ESPECÍFICA | Variável, frequentemente frouxa | Em geral intensa |
| Desenvolvimento rápido Taxa máxima de crescimento Reprodução precoce Tamanho pequeno do corpo Reprodução única Muitos filhotes pequenos | Desenvolvimento mais lento Maior habilidade competitiva Reprodução tardia Tamanho grande de corpo Reprodução repetida Filhotes maiores e em menor número |
SELEÇÃO FAVORECE | Pequena em geral menos de 1 ano | Mais longa, em geral mais de 1 ano |
LEVA A | Produtividade | Eficiência |
Estratégias Altricial e Precoce
| ALTRICIAL | PRECOCE |
FILHOTES | Extremamente imaturos que são incapazes de comer e cuidar de si mesmos | São relativamente maduros e podem |
GESTAÇÃO | Gestação curta | Relativamente longa |
TAMANHO DO CÉREBRO | Pequeno *não há diferença entre os cérebros dos adultos nas duas espécies | Grande *não há diferença entre os cérebros dos adultos nas duas espécies |
Além da distinção entre vidas rápidas e lentas baseada no tamanho absoluto do corpo, a vida de algumas espécies pode ser ou lenta para seus tamanhos corporais. Tradicionalmente, tais desvios têm sido explicados em termos da teoria clássica de seleção e r e K. Alguns primatas sofrem menor seleção-K do que outros. Caroline Ross, demonstrou que, quando o tamanho do corpo é levado em conta, as espécies de primatas que vivem em ambientes imprevisíveis possuem potencial reprodutivo mais alto do que espécies que vivem em ambientes mais estáveis.
Um segundo fator que influencia se uma espécie pode viver relativamente rápido ou lentamente de acordo com o tamanho do corpo foi identificado por Paul Harvey e Daniel Promislow. Eles descobriram que espécies com taxas de mortalidade mais altas do que o esperado possuíram gestações mais curtas, recém-nascidos menores, ninhadas maiores, bem como desmamavam e amadureciam mais cedo. Espécies com altas taxas de mortalidade natural vivem rápido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário