quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CORPOS, CÉREBROS E ENERGIA


Mais uma de Roger Lewin...
Aqui nós iremos discutir sobre o impacto do tamanho – tanto do cérebro como do corpo – nas variáveis da história de vida e da ecologia comportamental. O reino animal como um todo emergiu com um vasto espectro de estratégias, variando de espécies (ostras, por exemplo) que produzem milhões de filhotes em sua vida aos quais não é oferecido nenhum cuidado parental, até as espécies (como os elefantes) que produzem apenas um punhado de filhotes ao longo da vida, cada um gerado sozinho e que se torna objeto de intenso cuidado parental.


Primatas como grandes mamíferos
Os mamíferos são limitados na variação dos padrões de história de vida acessíveis a eles: as mães mamíferas são limitas no número de filhotes que podem ser criados com sucesso em função da gestação e amamentação. Contudo, o resultado reprodutivo potencial pode ser relativamente alto se mais de um ninhada for gerada por ano e o tempo de vida durar vários anos.


Harvey e seus colegas concluíram que as diferenças entre as espécies evoluíram como adaptação para explorar diferentes nichos ecológicos. Tal fato está relacionado a um certo tamanho ótimo de corpo, determinado em parte pela habilidade de um animal de coletar e processar os suprimentos alimentares disponíveis.
O sucesso de uma espécie é medido em termos de valor de potencial reprodutivo, o qual é determinado por uma série de fatores da história de vida interrelacionados: maturação, duração da gestação, tamanho da ninhada, duração do período de lactação, intervalo entre os nascimentos e período total de vida.


SELEÇÃO-r

(pequenos primatas: lêmures e camundongos)

SELEÇÃO-K

(grandes primatas: gorilas)

CLIMA
Variável e/ou imprevisível
Bastante constante e/ou previsível; menos incerto

MORTALIDADE
Frequentemente catastrófica. Não direcionada, independe da densidade
Mais direcionada depende da densidade
SOBREVIVÊNCIA

Alta mortalidade juvenil
Mortalidade mais constante
TAMANHO POPULACIONAL

Variável ao longo do tempo, sem equilíbrio; em geral bem abaixo da capacidade de suporte do ambiente; comunidades ou porções delas, não saturadas; vácuos ecológicos; recolonização a cada ano
Bastante constante ao longo do tempo, em equilíbrio, ou próximo à capacidade de suporte do ambiente; comunidades saturadas; nenhuma recolonização necessária
COMPETIÇÃO INTRA E INTER-ESPECÍFICA
Variável, frequentemente frouxa
Em geral intensa



Desenvolvimento rápido

Taxa máxima de crescimento
Reprodução precoce

Tamanho pequeno do corpo
Reprodução única
Muitos filhotes pequenos
Desenvolvimento mais lento

Maior habilidade competitiva
Reprodução tardia
Tamanho grande de corpo
Reprodução repetida
Filhotes maiores e em menor número
SELEÇÃO FAVORECE
Pequena em geral menos de 1 ano
Mais longa, em geral mais de 1 ano

LEVA A
Produtividade
Eficiência


Estratégias Altricial e Precoce
 


ALTRICIAL
PRECOCE
FILHOTES


Extremamente imaturos que são incapazes de comer e cuidar de si mesmos
São relativamente maduros e podem
GESTAÇÃO
Gestação curta
Relativamente longa
TAMANHO DO CÉREBRO
Pequeno
*não há diferença entre os cérebros dos adultos nas duas espécies
Grande
*não há diferença entre os cérebros dos adultos nas duas espécies

Além da distinção entre vidas rápidas e lentas baseada no tamanho absoluto do corpo, a vida de algumas espécies pode ser ou lenta para seus tamanhos corporais. Tradicionalmente, tais desvios têm sido explicados em termos da teoria clássica de seleção e r e K. Alguns primatas sofrem menor seleção-K do que outros. Caroline Ross, demonstrou que, quando o tamanho do corpo é levado em conta, as espécies de primatas que vivem em ambientes imprevisíveis possuem potencial reprodutivo mais alto do que espécies que vivem em ambientes mais estáveis.
Um segundo fator que influencia se uma espécie pode viver relativamente rápido ou lentamente de acordo com o tamanho do corpo foi identificado por Paul Harvey e Daniel Promislow. Eles descobriram que espécies com taxas de mortalidade mais altas do que o esperado possuíram gestações mais curtas, recém-nascidos menores, ninhadas maiores, bem como desmamavam e amadureciam mais cedo. Espécies com altas taxas de mortalidade natural vivem rápido.

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